HISTÓRIA DOS VIOTTI NO BRASIL

HISTORICO DA FAMÍLIA VIOTTI

 

 O Misterioso Genovês

 

 Chegaram ao Rio de Janeiro, no dia 11 de outubro de 1826 no bergantin genovês “La Virgine de Misericórdia”: vindos de Genova/Italia, os irmãos:

Jacomo Francisco Vicente Viotto – 15 anos, natural de Gênova, procurar fortuna. Apresentou passaporte. Assinou em baixo do texto do funcionário brasileiro ”Francesco Viotti”.

Jacomo Nicolau Vicente Viotto – 12 anos, natural de Gênova

 

Por volta de 1928 chegou a Baependi, sul de Minas Gerais, um italiano menor de idade, natural de Gênova, chamado Francisco Viotti. Era baixo, de rosto comprido, olhos azuis e lhe começava a nascer o bigode (um documento, encontrado no Arquivo, Nacional, assim o descreveu no dia 24 de julho de 1828, em que deixou o Rio de Janeiro partindo para Rezende – RJ).

Dedicava-se à marcenaria.

Ao que parece, ninguém lhe perguntou por que havia vindo de tão longe, numa época em que eram raríssimos os italianos no Brasil. Ninguém jamais soube, em Baependi, o motivo da vinda. Apenas informou que saiu do Rio de Janeiro – RJ, escolhendo um clima de montanha, para escapar à febre amarela, que atacava de preferência os estrangeiros.

O Brasil não oferecia condições favoráveis aos imigrantes que precisassem trabalhar com artífices, operários ou lavradores. Essas profissões eram mal remuneradas, devido à concorrência dos escravos.

Francisco Viotti escapou à miséria a que tendiam os imigrantes porque (como escreveu meio século depois o grande vigário de Baependi, Monsenhor Marcos Pereira Gomes Nogueira), “tudo que saía de suas mãos trazia o selo da perfeição em seu gênero”.

Como informa o historiador José Alberto Pelúcio em “Templos e Crentes”, Francisco Viotti foi um dos artistas que adornaram a Matriz de Baependi, onde há belíssimas obras de madeira. Olavo Bilac, em artigo na imprensa, ressaltou a originalidade desses ornatos, inspirados quase todos na flora brasileira.

Conta o jornal “O Baependiano” (de 04 de maio de 1879) que o jovem estrangeiro “professava uma arte modesta”, mas de tal sorte procedia então que lhe foi “oferecida a mão de uma donzela de virtude e beleza peregrina”.

A 07 de janeiro de 1832, antes de completar 21 anos,  Francisco se casou com Isabel Caetana Rodrigues da Silveira, pertecente às conhecidas famílias Rodrigues Afonso de Campanha – MG, e Nogueira Cobra, de Baependi, um dos autores da Constiutição do Império, Manuel Jacinto Nogueira da Gama.

Seu pai descendia de Guilherme Van der Haagen (da Silveira), de Bruges, um dos primeiros habitantes da ilha do Faial, nos Açores. Sua mãe, do Capitão-Mor Tomé Rodrigues Nogueira do Ó, e sua mulher Maria do Leme Prado, povoadores de Baependi.

O marceneiro, a julgar pelo casamento que fez, devia ter boa aparência e boas maneiras.

Algum tempo depois, Francisco se tornou químico e farmacêutico. Aprendeu Medicina a poder de “insano estudo” (informou seu cliente o professor e parlamentar Amaro Carlos Nogueira) orientado a princípio, pelo cirurgião Bento Pinto e por médico italiano, Dr. Bianchi, estabelecido já em avançada idade em Baependi, quando ali “reinava rude empirismo em Medicina e cujo passado foi um mistério que ele guardou na sepultura”.

Francisco deve ter prestado exames previstos em legislação de 1782, de Maria I, que se referia à Fisicatura e ao Proto-Medicato, e obtido autorização legal para clinicar, porque o “livro Tombo”, da Matriz de Baependi, a ele se refere como “o licenciado Médico Francisco Viotti”.

“A perícia do Sr. Viotti em Medicina demonstrou-se em muitas curas importantes, particularmente nas moléstias do fígado, para as quais tinha uma preparação que logra elevado crédito” (“o Baependiano de 04 de maio de 1879”).

“Procurou melhorar a posição de nosso primeiro ramo de exportação – continua o mesmo jornal – introduzindo nesta cidade a indústria do fumo crespo, que já se enraizou entre nós”.